Bicarbonato de Sódio

Sempre tive tendência para escrever em aviões ou com um copo de vinho tinto depois. 

A última vez que escrevi a esta altitude estava a voltar de Londres. Lembro-me de escrever sobre ainda não ter encontrado o amor eterno ou o amor sequer.

Pois é, hoje estou a caminho de Roma. Há quem diga que é a cidade do amor ou lá como lhe queiram chamar.

Estou a voar outra vez mas, desta vez, já encontrei o amor. Ou ele encontrou-me a mim.

Encontrou-me, arrasou-me e deixou-me. Acho que sofrer faz parte do processo.

Foram tempos difíceis. Sem o calor humano, a mensagem segura ou o corpo onde repousar. Foi difícil não o ter comigo.

Hoje consigo perceber que, tal como nos habituamos a ter alguém, depressa nos habituamos ao vazio no escuro da noite. 

Já não sinto a falta de alguém todos os dias e já não faço disso condição para ter um bom dia - ou uma boa vida.

Faltava encontrar-me. Faltava eu. Sentia falta de mim. Não sei onde é que me perdi. Não sei como é que me perdi. Mas sinto que estou cada vez mais próximo de me encontrar.

E como me encontrei, vou correr para os teus braços. Quero voltar a sentir o teu corpo contra o meu e a tua respiração ofegante. Mesmo que por meros momentos. Sem pensar nem ponderar. Num rasgo de loucura e inconsciência.

Desisti de nós para me encontrar, mas volto sempre a ti. No fundo, tenho medo que sejas o amor da minha vida e eu tenha falhado.

Quinta voltas a entrar no meu quarto. Com mais ou menos amor, o importante é entrares sem roupa.

O resto que se foda.

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